Os altos preços dos combustíveis no país em relação ao mercado internacional ajudaram os resultados das duas maiores distribuidoras privadas do país, Ipiranga e Raízen (que opera com a marca da Shell).
Segundo balanços divulgados no fim da semana passada, o resultado das empresas teve crescimento superior a 20% no quarto trimestre, refletindo o aumento das margens de lucro em 2015.
As duas companhias têm importado combustível, se beneficiando da política de preços da Petrobras, que mantém gasolina e diesel a valores bem acima dos praticados no exterior como estratégia para gerar caixa e enfrentar a crise financeira.
De acordo com estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o preço da gasolina vendida pela Petrobras está 45% acima da cotação internacional nesta semana. No caso do diesel, a diferença chega a 60%.
Os preços dos combustíveis são livres, mas pelo seu porte, a Petrobras acaba ditando o valor final de venda aos postos brasileiros.
Diante da grande diferença em relação ao mercado internacional, as distribuidoras privadas têm optado por importar óleo diesel por conta própria para abastecer parte de seu mercado.
Nos dois últimos meses de 2015, os pedidos para importação do combustível por empresas privadas foram superiores, em volume, aos feitos pela Petrobras.
Além disso, dizem analistas, aproveitaram os reajustes promovidos pela Petrobras para ampliar suas margens de lucro.
A analista do UBS Lilyanna Young afirma que o resultado da Ipiranga “enfatiza a capacidade da companhia para repassar mais do que os reajustes promovidos pela Petrobras em setembro”.
A Ipiranga teve, no quarto trimestre, um avanço de 22% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, um indicador da capacidade de geração de caixa), para R$ 868 milhões.
Já a Cosan, sócia da Shell na Raízen, mostrou ganho de 23% no Ebitda de seu segmento de distribuição de combustíveis, que chegou a R$ 771 milhões.
No acumulado do ano, a alta nos resultados da Ipiranga foi de 21%, para R$ 2,7 bilhões. A Raízen registrou crescimento de 15%, para R$ 2,4 bilhões.
“Suspeitamos que a Ultrapar tenha conseguido importar com ganhos, uma vez que os preços da gasolina e do diesel estão bem acima dos preços internacionais desde o final de 2014”, diz Yang.
Ipiranga e Raízen dividem com a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, o controle do mercado brasileiro de combustíveis. Juntas, as três empresas têm 65% das vendas no país.
A BR, porém, tem menos margem para alterar sua estratégia de suprimento, já que é obrigada a comprar combustíveis da Petrobras.
Fonte: Folha de São Paulo