No pior novembro desde 2008, quando o setor sentia o choque da crise financeira internacional, a recessão na indústria automobilística continuou se aprofundando neste mês, quando a queda da comercialização de veículos novos no acumulado do ano chegou a 25%, depois de fechar outubro em 24,3%.
Na comparação com o mesmo mês de 2014, as vendas na soma de carros de passeio, picapes, caminhões e ônibus estão caindo 32,8%, conforme balanço preliminar com base nos licenciamentos realizados até o dia 27 de novembro.
Houve, comparativamente aos meses anteriores, pequena reação no ritmo diário do mercado, que voltou a se aproximar da marca de 10 mil carros vendidos a cada dia que as concessionárias abriram as marcas. Entre setembro e outubro, essa média girou ao redor de 9,2 mil unidades, tirando da conta os veículos comerciais pesados.
Ainda assim, afetado por dois feriados (Finados e Dia da Consciência Negra), novembro como aconteceu no mês passado e em fevereiro, cujo resultado foi afetado pelo Carnaval caminha para terminar com menos de 200 mil veículos emplacados.
Na série histórica, não se via volume tão baixo em meses de novembro desde 2008: 177,8 mil veículos foram comercializados no penúltimo mês daquele ano, num reflexo do enxugamento de crédito após a quebra do Lehman Brothers nos Estados Unidos.
A indústria automobilística já perdeu um quarto das vendas que tinha em 2014. Em outras palavras, tendo em vista o ritmo do ano passado, é como se as montadoras tivessem perdido quase três meses de venda.
Até o dia 27 denovembro, o número de licenciamentos registrados desde janeiro pouco passava de 2,3 milhões de unidades, 771 mil veículos a menos do que em 2014, quando, a essa altura, os emplacamentos já superavam 3 milhões.
Deterioração dos índices de confiança, agravada pela crise política que atrasa a conclusão do ajuste fiscal, menor disponibilidade de renda e retirada de incentivos fiscais ao consumo compõem a “tempestade perfeita” enfrentada pelas fábricas de veículos. As projeções da Anfavea, entidade que representa as montadoras, apontam para queda de 27,4% do total de veículos comercializados neste ano, o que, se confirmado, significará um dezembro, normalmente o melhor mês de vendas, tão fraco quanto novembro, com cerca de 200 mil unidades registradas.
Na falta de perspectiva de reação, diversas montadoras programaram férias por períodos de três a seis semanas a partir do mês que vem. Puxando a fila, a fábrica de caminhões da MercedesBenz em Juiz de Fora (MG) para hoje e tem retorno das atividades apenas no dia 7 de janeiro. Amanhã, será a vez de a Renault dispensar por 41 dias os operários do setor de seu complexo industrial no Paraná onde são produzidos o furgão Master, além da picape Frontier, da Nissan.
Fonte: Valor Econômico