Para que ocorra um assalto são necessários três pilares básicos: um ofensor, um alvo vulnerável e um ambiente favorável à ação dos bandidos. Este é o ‘triângulo do crime’, conceito esclarecido pelo tenente-coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Junior, comandante do 4° BPM da Capital, durante palestra realizada no último dia 28 de abril, na sede do Sindicomb. O oficial expôs a funcionários e gerentes, técnicas de reconhecimento e prevenção de riscos direcionadas, especificamente, a postos de combustíveis.

Segundo o tenente-coronel, os postos de combustíveis são estabelecimentos com estruturas abertas e de fácil acesso, e. por isso, um dos alvos preferenciais dos assaltantes. “Os assaltos estão intensamente ligados ao tráfico e ao consumo de drogas, especialmente o crack”. Ele explicou ainda, que o perfil dos criminosos mudou: hoje é composto especialmente por jovens e adolescentes, aumentando o risco de ações violentas. ”A pouca idade, aliada ao uso de substancias como crack e cocaína, conferem coragem e frieza a estes criminosos”, esclareceu. Dentro desta nova realidade de violência urbana, é necessário adotar medidas de prevenção que dificultem a livre ação dos bandidos.

Prevenção

Inicialmente, é importante que os estabelecimentos possuam mecanismos de segurança interna como câmeras de monitoramento – em pleno funcionamento -, que auxiliem tanto na prevenção como no reconhecimento dos assaltantes. O uso de cofres “boca de lobo” e portas de segurança para acesso aos escritórios dos postos, contribui para diminuir o risco do roubo de grandes somas.

No período da noite, na área externa do posto, a recomendação é a colocação de correntes em pontos estratégicos que inibam o acesso facilitado, especialmente de motos.

Adotar pequenas mudanças no quotidiano das empresas também garante resultados positivos. Um exemplo disto é manter os locais bastante iluminados com vitrines limpas e sem materiais de propaganda ou outros objetos que dificultem a visão dos estabelecimentos. “Um local bem iluminado e com boa visibilidade torna-se um fator de risco para o assaltante”, explicou Gomes.

Para os postos que funcionam de madrugada, a recomendação é restringir o acesso a produtos como bebidas alcoólicas, eletrônicos, energéticos, cigarros aromatizados. Uma opção é colocar expositores em frente aos produtos ou mantê-los em locais menos visíveis neste período.

Segundo Gomes, o assaltante entende a dinâmica dos estabelecimentos. Se depois do primeiro assalto nada foi alterado para conferir mais segurança ao local, o assalto se repete. “Se o criminoso não encontrar dificuldade, ele retorna e transforma o posto em uma espécie de ‘caixa eletrônico’, para conseguir pequenas somas de dinheiro”.

Manter sigilo sobre as atividades do posto é um procedimento básico que deve ser seguido por todos os funcionários. Comentários com parentes, amigos ou clientes sobre as rotinas da empresa devem ser evitados. Outra dica importante é nunca deixar dinheiro a mostra ou manter valores muito altos no posto. Os cheques, assim que recebidos devem ser cruzados e nominados à empresa.

Para o comandante da Polícia Militar, o estado de atenção dos funcionários auxilia na prevenção dos assaltos, pois geralmente, os criminosos fazem o reconhecimento do local antes da ação. “A melhor forma de evitar um assalto é agir antes”. Ele alertou que, diante de atitudes suspeitas, os funcionários devem sempre acionar a policia.

Reação

A orientação da PM é a de nunca reagir ao assalto, manter sempre as mãos à vista do agressor, não olhá-lo fixamente e evitar movimentos bruscos. Após o assalto, a primeira coisa a fazer é chamar a policia e somente depois tomar outras providências como avisar o proprietário da empresa ou verificar os danos causados. A informação rápida é essencial para a captura dos bandidos. As empresas devem sempre registrar o Boletim de Ocorrência, pois só assim é possível delimitar as áreas de maior incidência dos crimes.

Os funcionários podem auxiliar a polícia na identificação dos assaltantes fornecendo informações como altura aproximada, cor da pele e sinais característicos como tatuagens ou cicatrizes. E ainda, a cor dos sapatos, capacetes ou placa do carro. Porém, o oficial da PM alertou que é preciso ter cautela. “Os funcionários não são pagos para prender assaltantes, esta é a função da polícia”, frisou.