Está difícil para os consumidores entender as razões pelas quais a Petrobras anunciou a redução de preços da gasolina e diesel, mas as quedas não chegaram nas bombas dos postos, ou seja, ao consumidor final. É que entre a refinaria da Petrobras e os postos, há as distribuidoras, que são as responsáveis para repassar a variação aos postos. Conversei com o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis), Joel Fernandes, que explica o que está acontecendo.

Antes vale uma retrospectiva dos últimos cortes. A Petrobras anunciou nova política de preços dia 14 de outubro, para acompanhar mais as variações da commoditie no mercado mundial. Também informou um corte de 3,2% no preço da gasolina e de 2,7% no do diesel, sendo que ambos poderiam provocar uma redução de R$ 0,05 nos preços da gasolina e diesel. Passaram alguns dias e nada aconteceu. Na última terça-feira, 8 de novembro, a Petrobras anunciou nova redução nos preços. Cortou 10,4% no diesel e 3,1% na gasolina. Se essa variação fosse para o preço final, o diesel teria uma queda de R$ 0,20 e a gasolina, de R$ 0,05.

As distribuidoras

O combustível sai das refinarias e é entregue para os postos pelas empresas distribuidoras. Entre essas empresas, há grandes e pequenas. Segundo o diretor do Sindópolis, Joel Fernandes, as grandes normalmente têm terrenos que abrigam postos em pontos estratégicos de cidades ou rodovias. Como elas cobram esse aluguel, atualmente elas já entregam o combustível por preço cerca de R$ 0,20 mais caro. Além disso, as distribuidoras incluem seus custos com pessoal e outros, o que pode encarecer o insumo independentemente de decisão da Petrobras.

Culpa do álcool anidro

Há sete meses, o preço do álcool anidro, que compõe 27% da gasolina, vem subindo. De agosto até o fim de outubro, teve alta de 22%; em 80 dias, subiu R$ 0,80. Segundo Joel Fernandes, a mistura de gasolina e álcool é feita pela Petrobras e o custo maior desse insumo foi repassado para as distribuidoras que repassaram aos postos nos últimos meses. Por isso, o preço da gasolina que era entregue aos postos em R$ 3,02 por litro, subiu para R$ 3,21. Como os postos, para sobreviver sem entrar no vermelho precisam cobrar 20% sobre o valor que compram, antes desse reajuste deveriam estar cobrando do consumidor entre R$ 3,60 e R$ 3,79, sendo que o preço médio estava em R$ 3,69. Com a alta do álcool e o novo preço de R$ 3,21 para os postos, estes deviam estar cobrando dos consumidores (na bomba), R$ 3,89.

— Quem já estava cobrando R$ 3,89 poderia reduzir para R$ 3,88 nas bombas agora. Mas a maioria dos postos ainda terá que reajustar para compensar o preço do álcool – afirmou Fernandes.

O empresário mostra notas fiscais segundo as quais somente dia 11 último o preço do diesel caiu R$ 0,05 centavos por litro e o da gasolina, R$ 0,0125 nas compras dos postos dele (três na Capital).

Os mais baratos

O empresário Joel Fernandes também explicou as razões pelas quais dois postos de Florianópolis, um na Mauro Ramos, e outro próximo do Hospital de Caridade conseguem praticar preços mais baixos. É que os proprietários são os donos dos terrenos (não pagam aluguel), não investem muito na estrutura dos postos e também conseguem comprar combustível mais barato de distribuidoras menores. Quem aluga terreno compra combustível da distribuidora dona do terreno. Entre essas gigantes estão a BR, Shell, Alle e Ipiranga.

Fonte: Diário Catarinense