Aumento no consumo e problemas na logística das distribuidoras afetam o fornecimento de combustíveis em SC

Os postos de combustíveis em Santa Catarina estão passando por racionamento. O efeito na Grande Florianópolis é que 14 postos da BR Distribuidora, da Petrobras, amanheceram na quarta-feira sem gasolina, álcool e diesel.

Segundo Valmir Espíndola, presidente do Sindicato de Revendedores de Combustíveis da Grande Florianópolis (Sindicomb), a falta de álcool anidro — que compõe 20% da gasolina — na distribuidora da Petrobras em Araucária (PR), prejudicou a distribuição de gasolina em todo o Estado.

O problema maior está na região litorânea, onde o aumento do consumo é registrado durante as férias e também com a chegada de turistas de diversas partes do país e do Exterior.

Apesar do consumo diminuir até 20% nas cidades que não estão no Litoral, o corte de fornecimento chega à metade do pedido feito pelos empresários às distribuidoras, explica o presidente do sindicato que representa os postos na região de Blumenau, Julio Cesar Zimmermann.

A crise afetaria todas as bandeiras, mas é maior na rede BR Distribuidora por falta de investimentos em terminais de estocagem, afirma Zimmermann, que prevê que a situação se arraste por mais dois meses. A redução generalizada no abastecimento é confirmada por Roque Colpani, presidente do sindicato que representa 22 municípios entre Tijucas e Araquari.

— São comuns os casos de quem pede 20 mil litros de gasolina e só recebe 10 mil litros — conta.

O superaquecimento do consumo, aliado a problemas na logística das distribuidoras já causaram problemas na Capital em novembro e dezembro. Nos últimos desabastecimentos, a culpa teria sido a venda de diesel e gasolina acima da cota permitida pela distribuidora da Petrobras em Antônio Carlos, a mais próxima dos postos da Grande Florianópolis, o que teria causado o fim dos estoques destes combustíveis.

O Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis já alertou que a distribuição de gasolina no país está no limite. No Norte do Estado, a falta de álcool anidro na base de Guaramirim pode causar problemas na região nos próximos dias.

O combustível está sendo distribuído por Araucária até que a situação esteja regularizada na cidade. A princípio, este é um problema de logística, segundo Lineu Barbosa Villar, presidente do sindicato de Joinville.

Prejuízo de R$ 28 mil em um dia

O posto BR-Golden, na praia de Jurerê, em Florianópolis, está sem gasolina comum, aditivada e etanol desde as 21h de segunda-feira. Ontem, o diesel S-50 também começou a faltar.

— Ficamos zerados na noite da virada do ano. Tínhamos feito um pedido de 30 mil litros de gasolina dos dois tipos e, na segunda de manhã, recebemos só 10 mil litros, que não durou o dia todo. Perdemos de vender em torno de R$ 28 mil só na festa de passagem do ano — conta José Bueno, técnico em lubrificação do BR-Golden, reforçando que o posto continua sem combustível.

Segundo ele, a distribuidora da Petrobras em Antônio Carlos cancelou os pedidos seguintes do posto e avisou que, talvez, regularize a situação na próxima segunda-feira. José estima perda de R$ 27 mil ao dia.

O funcionário acrescenta que a explicação da base da Petrobras é que a única distribuidora mais próxima da região sem problema de abastecimento é a de Araucária. Como o racionamento também ocorre em outras regiões de Santa Catarina, o alto tráfego estancou os caminhões de transporte de combustível na porta da distribuidora.

A situação no norte de SC é ainda pior

No Litoral Norte do Estado, há racionamento no abastecimento há pelo menos três semanas, segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense (Sincombustíveis-SC), Roque Colpani. A situação, que corta pela metade o fornecimento de gasolina para venda ao consumidor, é generalizada e independe da bandeira do posto, o que afeta 244 empresas da região.

Diário Catarinense — O racionamento é comum na região? Desde quando?

Roque Colpani — Há muitos casos de postos sofrendo supressão de combustíveis. Alguns ficaram sem receber todo o pedido porque há pouca capacidade de distribuição das empresas. O problema começou semanas antes do Natal e acontece por um problema de logística para reabastecer os postos. São comuns os casos de quem pede 20 mil litros de gasolina, por exemplo, e só recebe 10 mil litros. Essa situação acontece de maneira generalizada nos 244 postos que cobrimos na região, distribuídos em 22 cidades, entre Tijucas e Araquari.

DC — Qual a explicação que você recebe para isso?

Colpani — A Petrobras fala em logística como ponto problemático, mas sabemos que na verdade é falta de combustível mesmo, principalmente a gasolina. Todos abandonaram o etanol e foram para a gasolina, por conta do preço final. Agora, o que acontece é essa situação. Estamos no limite, caminhando na corda bamba. As distribuidoras são cobradas para administrar o que recebem e não faltar combustível na temporada. As companhias fazem uma logística para não faltar fornecimento, o que causa essa supressão. Na região, falta gasolina há pelo menos três semanas.

DC — Você acredita que há relação entre a escassez e o novo aumento nos combustíveis?

Colpani — Os aumentos de preços dos combustíveis já são favas contadas. Basta apenas sabermos o dia em que isso vai acontecer. O governo precisa recompor o preço. Mas uma coisa é certa: o aumento no preço, principalmente da gasolina, deve frear o consumo e aí sim equalizar a situação.

Fonte: Diário Catarinense