O Rio Grande do Sul conta, hoje, com seis distribuidoras regionais de combustíveis com sede no Estado, cenário esse que deve mudar em breve, caso o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ratifique a compra da Latina, localizada em Esteio, pela Raízen, empresa resultante da união da Cosan e da Shell. Além da Latina, Charrua (Esteio), Joapi (Nova Santa Rita), Megapetro (Canoas), RodOil (Caxias do Sul) e Sul Combustíveis (Santa Maria) brigam com grandes companhias por espaço no mercado. A mais recente aquisição gerou um questionamento dentro do setor: há lugar para as pequenas distribuidoras, ou o destino delas é a incorporação pelos grupos maiores?

“Eu falo, por convicção, que há espaço para as pequenas, agora é preciso ter criatividade e ir à luta”, sentencia o coordenador do escritório Regional Sul da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Edson Silva. Contudo, o dirigente admite que ações como a compra da Latina pela Raízen seguem uma tendência de economia de mercado, na qual as companhias de porte absorvem as menores. Silva ressalta que cabe ao Cade ficar atento a esses movimentos. O risco inerente nesses negócios é a concentração em demasia do mercado. Tanto a Raízen como os dirigentes da Latina, no momento, não se pronunciam sobre o acordo. Os empreendedores aguardam a definição do conselho.

De acordo com a ANP, o Rio Grande do Sul conta com 584 postos com bandeiras das seis distribuidoras regionais gaúchas, de um total de 3.145 estabelecimentos em operação. Além das grandes, como Ipiranga, BR e Raízen, completam o mercado gaúcho algumas distribuidoras pequenas, mas com sede em outros estados, como Saara e Potencial (ambas do Paraná), entre outras. Até o começo de novembro deste ano, as três maiores distribuidoras no Rio Grande do Sul detinham 61% dos postos no Estado. No Paraná, Ipiranga, BR Distribuidoras e Raízen verificavam apenas 42,5% e, em Santa Catarina, 48%. Além de bandeiras regionais, os postos de bandeira branca fecham esse cenário.

Se essa concentração se reflete no custo do combustível, trata-se de um debate teórico. No entanto, o fato é que o Rio Grande do Sul tem os mais altos preços de combustíveis entre os três estados da região Sul do País, apesar de Santa Catarina não contar com refinarias e os gaúchos contarem com duas (Canoas e Rio Grande). Segundo a ANP, o preço médio da gasolina no Paraná em outubro foi de R$ 2,784, em Santa Catarina de R$ 2,842, e, no Rio Grande do Sul, foi de R$ 2,857, enquanto que a média nacional foi de R$ 2,834. Sobre o diesel, o Paraná registrou R$ 2,263, Santa Catarina R$ 2,334, e o Rio Grande do Sul R$ 2,335. Já a média nacional foi de R$ 2,332. Ou seja, a média de preços no Estado foi a maior de todas.

Porém, se o custo do combustível é mais alto no Rio Grande do Sul, a qualidade também acompanha esses padrões elevados. O índice de qualidade para a gasolina no Paraná em setembro foi de 1,6 de não conformidade, em Santa Catarina de 1,1 e, no Rio Grande do Sul, de 0,2 (no Estado, em cada 100 amostras, menos de uma apresentava não conformidade).

Fonte: Jornal do Comércio/RS