A Raízen, joint venture entre os grupos Cosan e Shell, anunciou a aquisição de 10% de participação na STP (Serviços e Tecnologia de Pagamentos), responsável pelos sistemas de cobrança eletrônica Sem Parar e Via Fácil. O valor do negócio é de R$ 250 milhões e permitirá que, no futuro, as transações de cobrança nos postos de combustível da rede Shell passem a usar os tags (dispositivos eletrônicos) do Sem Parar. Essa transação está sujeita a avaliação e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Nosso plano é desenvolver com a STP um sistema de cobrança eletrônica de combustíveis e serviços nos postos, proporcionando aos clientes Shell e Sem Parar mais comodidade, facilidade e rapidez”, afirmou Leonardo Linden, vice-presidente de marketing da Raízen.
Há pelo menos três anos a STP busca parceria nesse sentido. Há sete meses, as conversações entre Raízen e STP ganharam força, disse ao Valor Pedro Donda, presidente da STP, que tem como sócias as concessionárias de rodovias CCR (majoritária no negócio) e EcoRodovias, além de GSMP, Arteris e CCBR Catel. Com a entrada da Raízen, as demais participações das companhias, com exceção da Arteris, que permanece com 4,68%, serão diluídas. A CCR ficará com 34,24%; a CCBR, com 31,33%, EcoRodovias, 11,41%; e GSMP, com 8,34%,
A Raízen entra em um negócio que tem sido alvo de pesados investimentos de grandes grupos. Ao se tornar sócio da Sem Parar, a pioneira e líder nesse setor, o grupo passa a disputar esse mercado com concorrentes de peso, como a Auto Expresso, da empresa fluminense DBTrans, a ConectCar, parceria entre os grupos Ultra (com a bandeira Ipiranga) e Odebrecht, que obteve autorização recentemente, e Move Mais, empresa que pertence à Dux Participações, holding controlada pela Vertis (representada por acionistas da família Bertin) e Compsis, anunciada em maio. As rodovias paulistas são as mais cobiçadas por representarem metade da malha sob concessão no país.
Com essa aquisição, as empresas pretendem estender para os postos de combustíveis a tecnologia de cobrança amplamente conhecida nos pedágios, presente em mais de 50 concessionárias de rodovias nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – regiões de atuação da STP, e em 167 estacionamentos em shoppings e aeroportos. “Com a entrada da Raízen, poderemos oferecer aos nossos clientes serviços e produtos complementares aos nossos, e investir na expansão da nossa oferta”, disse Donda.
A entrada da Raízen na STP indica um movimento estratégico da companhia na área de cobrança eletrônica. “Acreditamos muito no potencial desse segmento para os próximos anos”, disse Linden. A Shell conta com 5 mil postos espalhados pelo país e cerca de 1.000 lojas de conveniência.
Com receita bruta de R$ 460 milhões no ano passado, a STP movimenta cerca de R$ 8 bilhões por ano por meio desse sistema. A expectativa é de que o faturamento anual tenha crescimento significativo com a entrada da Raízen como sócia, uma vez que a rede de postos Shell recebe diariamente 1,8 milhão de clientes. Os executivos não fizeram projeção de aumento de receita. A STP conta com cerca de 4 milhões de clientes ativos.